Meu filho / filha me disse que ele / ela é homossexual
Apesar da maior aceitação da condição sexual hoje, comunicar a homossexualidade aos familiares nem sempre é fácil. Quando um adolescente decide comunicar à família que é homossexual, muitas vezes já passou por um longo processo de aceitação pessoal sozinho.
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O processo de assimilação individual
O processo individual de assimilar uma orientação homossexual às vezes é difícil, com muitos adolescentes iludindo a si mesmos e ao meio ambiente. Como pais, temos que entender que ser gay não é uma opção, mas uma realidade com a qual nossos filhos terão que conviver, se respeitando e tentando ser felizes.
Para facilitar este processo de aceitação, é importante que como família transmitamos confiança e expressemos o nosso apoio, seja qual for a sua orientação sexual.
Os adolescentes que se encontram nesta situação esperam, querem e precisam que a família os aceite como são para que o seu desenvolvimento emocional e saúde mental não sofram prejuízos.
Como família, podemos passar por uma série de processos por estarmos cientes de que nosso filho é homossexual. Esses processos podem ser prolongados e complicados, fazendo com que todos os membros da família sofram desnecessariamente. Nós os explicamos abaixo.
Processo de luto familiar
Choque inicial, acompanhado de culpa, raiva e medo.
Muitas famílias ficam chocadas ao ouvir a notícia, não sabem como agir e nem o que dizer. Esse sentimento pode nos acompanhar por alguns dias junto com um sentimento de irrealidade.
Em seguida, sentimentos de culpa, raiva e medo irão aparecer. Às vezes procuramos os “culpados” desta situação: amigos, parceiro, sua educação … Podemos até nos perguntar se fizemos algo errado. Até a raiva e o medo podem nos fazer dizer coisas das quais nos arrependeremos mais tarde.
É importante deixar claro que a homossexualidade (assim como outros tipos de orientação sexual) NÃO é uma opção e, claro, NÃO é uma doença!
Negação da realidade
Se, como família, continuarmos a negar a realidade após o choque inicial, provavelmente tentaremos persuadir nosso filho de que ele está errado e que é muito jovem para chegar a essa conclusão. Há famílias que pedem até terapia psicológica para que o filho possa “mudar” sua orientação.
Porém, em nenhum caso os psicólogos podem fazer qualquer tipo de intervenção a esse respeito , pois podem causar sérios danos psicológicos e emocionais. A ajuda que os profissionais da psicologia podem prestar não vai nessa direção, mas em todo o caso em ajudar a pessoa a melhorar sua autoestima e em ajudar a família a superar as dificuldades que a revelação da homossexualidade lhes tem causado.
Negar a realidade só nos levará a continuar machucando nosso filho. Se você deu esse passo, é porque tem certeza de sua orientação sexual.
Às vezes, as famílias optam por outros tipos de ações nessa fase de negação, como o silêncio: decidimos não falar sobre o assunto para ver se “o problema” desaparece. A falta de comunicação fará nosso filho se afastar ou buscar apoio de outras pessoas que possam afetar positiva ou negativamente.
Outras vezes, as famílias aceitam a situação, mas a vivenciamos como algo dramático. Acreditamos que algo de ruim irá acontecer com você, que você será atacado ou que sua orientação sexual pode afetar sua procura de trabalho.
Felizmente, a homossexualidade é cada vez mais aceita em nossa sociedade, mas é possível que isso aconteça. Pais através do amor e da confiança, podemos fazê-los sentir-se seguros de si próprios e assim poderem enfrentar qualquer problema.
Comece a enfrentar a realidade
Se o processo de luto terminar de maneira adaptativa e compreensiva, você conseguirá enfrentar a realidade de maneira saudável. Como família, começaremos a entender que a homossexualidade e os sentimentos que dela decorrem não são escolhidos. Que nosso filho terá passado por um processo difícil para se aceitar e que sua orientação sexual seja tão natural quanto qualquer outra.
Porém, em outras famílias acontece que ao chegar a esse ponto há um retrocesso, continuam a buscar as causas que podem ter influenciado a homossexualidade do filho ou filha e não conseguem enfrentar a situação de outra forma.
Em caso afirmativo, recomendamos buscar aconselhamento psicológico e ajuda externa para que a família possa ter uma melhor adaptação e possa ir para o próximo processo.
Assimilação e reorganização familiar
Se chegarmos a este último processo, a aceitação real e o apoio incondicional de que nosso filho necessita já serão uma realidade.
A assimilação significará que apesar das dúvidas que possam surgir, como família entendemos a situação e aos poucos vamos normalizando-a.
A tarefa mais importante nesta fase é começar a informar com segurança outros familiares e amigos. Expressar apoio a uma criança é uma obrigação familiar e, com essa atitude, demonstramos uma aceitação genuína da identidade de nosso filho.
Às vezes, as famílias enfrentam a realidade, mas não somos capazes de deixar o conflito de lado, nem somos capazes de aceitar verdadeiramente a situação. Isso ocorre quando, em vez da verdadeira assimilação, há resignação e os pais continuam a ver a homossexualidade como um defeito. Nesse caso, o processo será mais demorado e pode levar tanto à assimilação-aceitação quanto a uma aceitação fictícia ou incompleta. O que impedirá a manutenção de um relacionamento familiar baseado na sinceridade e na comunicação.
Quando o conflito permanece latente neste estágio, a casa torna-se um local hostil. As brigas e as censuras se sucedem e nosso filho nesta situação começará a se afastar. A partir deste momento, tudo dependerá da nossa capacidade de reflexão e do nosso envolvimento na busca de informações verdadeiras.
As chaves para o sucesso
Comunicação, sinceridade e aceitação devem ser as chaves para que nossos filhos se sintam confortáveis e livres para expressar seus sentimentos, suas emoções e sua orientação sexual quando chegar a hora. Os danos que a não aceitação e a intenção de mudança podem causar a eles podem ser irreversíveis: segundo a American Psychological Association (APA), uma em cada 10 pessoas é homossexual e não escolhe sua condição. Especialistas em saúde mental alertam sobre o risco que as terapias de conversão acarretam: são ineficazes, vão contra a ética profissional e levam à depressão e até ao suicídio, por isso não são uma opção.
Se isso lhe causar muito desconforto e você não conseguir chegar à fase de assimilação, procure orientação e trabalhe nesses aspectos.
Seus filhos e filhas merecem aceitação e apoio incondicional.